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Após dois anos de atraso, enfim, ‘Marighella’, de Wagner Moura, vai estrear

6 | outubro | 2021 - 4 | novembro | 2021

Após entraves com a Agência Nacional de Cinema (Ancine) e acusação de censura, o filme “Marighella”, primeiro longa-metragem de Wagner Moura como diretor, irá estrear oficialmente nos cinemas brasileiros no próximo dia 4 de novembro, no dia em que se completa 52 anos da morte do guerrilheiro pela Ditadura Militar. 

Segundo informações divulgadas, o filme fará seu lançamento após passar por festivais em outros países (Berlim, Seattle, Hong Kong, Sydney, Santiago, Havana, Istambul, Atenas, Estocolmo, Cairo, entre cerca de 30 exibições em nações dos cinco continentes) e terá pré-estreias a partir do dia 1 de novembro em todo Brasil.

O editorial de hoje (4), da Rede Brasil Atual, reitera que o longa de estreia de Wagner Moura como cineasta, sofreu sucessivos adiamentos, incluindo desentendimento com a Agência Nacional de Cinema (Ancine). O desentendimento estaria galgado no histórico do personagem retratado.

O personagem principal do filme é o comunista Marighella, criador da Ação Libertadora Nacional (ALN), um dos principais opositores da ditadura. O longa é baseado na biografia escrita pelo jornalista Mário Magalhães e foca nos últimos cinco anos de vida de Carlos Marighella, escritor, político e guerrilheiro, de 1964 até sua violenta morte em uma emboscada em 1969.

Na telona, o guerrilheiro foi interpretado pelo ator e cantor Seu Jorge, o elenco de apoio conta com Bruno Gagliasso, Luiz Carlos Vasconcellos, Herson Capri, Humberto Carrão, Adriana Esteves, Bella Camero, Maria Marighella, Ana Paula Bouzas, Carla Ribas, Jorge Paz, entre outros.

Sinopse:

Comandando um grupo de jovens guerrilheiros, Marighella (Seu Jorge) tenta divulgar sua luta contra a ditadura para o povo brasileiro, mas a censura descredita a revolução. Seu principal opositor é Lucio (Bruno Gagliasso), policial que o rotula de inimigo público nº 1. Quando o cerco se fecha, o próprio Marighella é emboscado e morto – mas seus ideais sobrevivem nas ações dos jovens guerrilheiros, que persistem na revolução.

Breve análise política do DCO sobre o longa:

O Diário da Causa Operária (DCO) sublinha que é importante destacar que se trata de uma produção importante para o atual momento político. A obra homenageia um dirigente comunista que lutou contra a ditadura de 1964 num momento em que o Brasil vivia um golpe de Estado que levou a um  governo controlado pelos militares. O DCO ressalta que o filme resgata a figura de um dos principais revolucionários brasileiros – independentemente do limitado e confuso programa guerrilheiro – e assim dá força à ideia de que é possível e necessário se mobilizar contra os atuais golpistas brasileiros.

O DCO aponta que a produção exalta a abnegação e o sacrifício pessoal em prol da luta coletiva, da soberania do Brasil contra os Estados Unidos. O editorial do DCO analisa que a produção de Moura também remete a outro tema, podemos fazer uma clara comparação ao golpe de 2016 no Brasil. Nesse ensejo, o filme mostra a participação ativa do imperialismo norte-americano no golpe militar de 1964. Também, comparando o momento à situação atual do Brasil, os letreiros iniciais do filme registram que, além do apoio dos EUA, a ofensiva golpista da direita se deu por meio da propaganda “contra a corrupção” e contra a “ameaça comunista”, ao estilo da campanha que ocorreu para derrubar o governo do PT. Na visão do DCO, a produção revela a política fascista do Estado capitalista, que age como uma máquina assassina contra a população.

“Ao fim, apesar das limitações, o filme é bastante importante no cinema nacional e é positivo ao divulgar a figura de Carlos Marighella. O momento de lançamento do filme, em pleno governo de Bolsonaro e militares, dá ainda mais importância para a produção”, conclui o DCO.

O imbróglio do veto do reembolso: 

Em agosto de 2019, a Diretoria Colegiada da Ancine vetou um pedido de reembolso de mais de R$ 1 milhão feito pela produtora do filme “Marighella”. Segundo a decisão da diretoria, o pedido foi negado porque os recursos pelos quais a produtora O2 pede reembolso são parte da receita já aprovada para o projeto. Eles não poderiam, então, ser ressarcidos com recurso público. Informação apurada e divulgada pelo portal G1.

O portal G1 reportou que na mesma reunião, a diretoria negou outro requerimento em relação ao filme, feito pela O2 e pela SM Distribuidora em 8 de agosto. As empresas pediam que o Fundo Setorial do Audiovisual (FSA) reavaliasse os prazos de investimento na comercialização do filme. Produtora e distribuidora propuseram que as obrigações fossem cumpridas antes da assinatura do contrato de investimento na produção. Segundo estabelece o Programa de Apoio ao Desenvolvimento da Indústria Audiovisual, para ter este direito, é preciso já ter o contrato.

Procurada pelo G1, a O2 disse que o pedido de revisão de prazos foi motivado pela “morosidade do FSA no processo de contratação e nele a O2 apenas formulou questionamento acerca da viabilidade da obrigação de oferta ao Fundo ser cumprida antes da efetiva contratação”. Em entrevista ao G1 em abril do ano passado, Moura comentou a situação:

“Não recebemos o dinheiro do Fundo Setorial, o qual teríamos direito. Tomamos essa posição. Os produtores foram valentes em fazer isso. Então, estou muito tranquilo”, declarou o ator e diretor.

Ainda na ocasião Moura disse o seguinte:

“Me angustiou muito o começo, quando o filme não estreava por uma pressão do governo. Uma má vontade da Ancine. Um episódio claro de censura”. 

Fotos: Reprodução / Divulgação
* Com informações do Diário da Causa Operária, do G1, do jornal A Tarde e do Rede Brasil Atual.

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6 | outubro | 2021
Final:
4 | novembro | 2021
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