Questionar o Status-quo vigente é ato de ousadia e necessidade para que possamos avançar como sociedade. Fazê-lo a partir de um saber e prática que têm como traço identitário o debate sobre os padrões de uma determinada época, como acontece na Psicanálise, demonstra não só coragem, mas uma inquietação diante de uma posição dada como fato. Assim, Lívia Santiago* nos fala, neste 1°episódio da 2°temporada do Movimenta Psicanálise, sobre suas pesquisas e prática clínica acerca do feminino na psicanálise, geralmente associado ao masoquismo e à passividade, sem perder de vista o contexto histórico/social e os aspectos culturais que contribuem para esta construção. Adicionalmente, comenta as investigações do movimento feminista e dos efeitos que as narrativas e a escuta produzem nas subjetividades para além do coletivo. Ela discute, ainda, aspectos referentes à teoria do trauma e à fantasia. E, para finalizar, aponta sinais que ajudam a identificar um relacionamento abusivo.
Um assunto tão delicado e com tantas nuances não poderia ter o mesmo alcance se não fosse a interlocução com as expressões artísticas: poesia, literatura, imagens e cinema. Camila Macedo**, no segundo momento da entrevista, traz a linguagem cinematográfica, possibilitando, a partir da sua experiência de criação, uma intersecção com a psicanálise visando à discussão das questões do feminino e de gênero, abordando as marcas que as palavras produzem no corpo, bem como a aproximação entre vivências particulares e manifestações coletivas.
*Lívia Santiago é Psicanalista, Professora, Mestre pela USP e doutoranda em História Literária pela UNICAMP.
**Camila Macedo é Mestre e Doutoranda em Educação pela UFPR, Bacharela em Cinema e Vídeo pela UNESPAR e integrante do GILDA (Grupo Interdisciplinar em Linguagem, Diferença e Subjetivação).