No site “Mulheres no Jornalismo Brasileiro” podemos acompanhar os resultados de uma pesquisa realizada em 2017 a respeito do gênero no jornalismo brasileiro. Embora na última década a proporção entre homens e mulheres tenha se equilibrado, as desigualdades salariais e ocupacionais ainda são muito relevantes.
Das jornalistas participantes da pesquisa, 73% relatam já terem escutado piadas ou comentários sexistas no ambiente de trabalho. 92% já ouviram piadas machistas. 46% trabalham em empresar que não possuem canais para receber denúncias de assédio e discriminação por gênero, 56% presenciaram ou souberam de uma colega que foi assediada no exercício da profissão por uma fonte, 75% já ouviu comentários sobre seu corpo, sua roupa ou aparência que as deixaram desconfortáveis. Por outro lado, que discurso prevalece sobre as mulheres nos meios de comunicação. A mídia veicula certo modelo de mulher, relacionado a certas atividades específicas como programas de culinária, dietas, beleza, cuidados com a casa e os filhos, ou então um estereótipo de sedução.
A hegemonia de quem define as pautas na mídia é eminentemente masculina, reforçando estruturas tradicionais de poder. Na última década chegou-se a considerar a mídia como um quarto poder. Há ainda que considerar o aumento, nos últimos anos, do poder da internet e de mídias outrora consideradas alternativas, trazendo para o debate o sério problema das fakenews e dos algoritmos no que foi chamado por Shoshana Zuboff de Capitalismo de Vigilância. Em contrapartida, são as mídias não tradicionais que têm oferecido resistência a esses poderes, oferecendo espaço e visibilidade para grupos e movimentos sociais outrora invisíveis.
Para falar sobre esse e outros assuntos, o Mulheres na Pandemia convida: LOURDES NASSIF: jornalista, redatora-chefe do portal Jornal GGN e ex-dona de bar. Como jornalista, aborda temáticas variadas, da cidadania à política, se precisar economia, se o mundo pedir, internacional. Participa do Cai na Roda, programa das jornalistas do GGN. TALITA GALI: jornalista especializada em jornalismo literário. Editora-executiva do programa Bom Para Todos da Rede TVT, onde atua há 11 anos.
