Ode ao *


Retrato do Auto Retrato de @luluca.ele

(versão em áudio acima)

 

“O meu é roxo e o seu é… Rosa!” Roxo como as violetas do jardim imaginário que criei para o meu amor. Rosa como as flores que roubei no caminho até a sua casa. Um caminho calmo e sereno que sonhei para nós, muito antes da gente se conhecer. Essas linhas são sobre o nome da sua rede wi-fi e sobre o seu objeto de estudo, censuras e alegrias mil. Algo tão natural e que independente da sua identidade de gênero ou das suas preferências sexuais, sempre estará lá, meio escondido, às vezes obscuro, desejado ou utilizado em xingamentos da boca pra fora. Pra você isso jamais será um insulto. Você explica pra todo mundo que é lá e somente lá que mora um universo de sensações e que essas sensações únicas chegam no sistema nervoso parassimpático, permitindo ao organismo sentir prazer, calma e saciedade. E assim fica difícil entender o porquê de tanto quiprocó. Coisas inventadas por esse bicho estranho chamado Homem. 

Os cachorrinhos e os macaquinhos tão comentados nas tais redes sociais parecem ter essa questão muito bem resolvida. O cheiram, o tocam e o sentem em toda a sua profundidade reprimida. Enquanto isso, nos bares da vida, machinhos bobinhos fazem piadas sobre o assunto. Você fez centenas de adesivos com fotos do seu e depois fez a galera se agachar e colar esses adesivos no chão da galeria supostamente transgressora. Agachados, ainda que não despidos, os seus ditos cujos estavam todos lá, virados pro teto e pra lua do lado de fora, que muda, assistia tudo sem julgamentos ou risadinhas malandras. Para a criança inocente presente na famigerada exposição, aquelas fotos não passavam de conchinhas do mar, enquanto outros seres lúdicos afirmavam serem constelações no espaço sideral. Benditas pintinhas suas! 

É claro que somos muito mais que isso ou aquilo, mas se não pararmos de estigmatizamos tanto esse tema continuaremos sendo muito menos do que poderíamos ser, afinal, quem não conhece bem o seu próprio passará a vida toda mal dizendo os dos outros, e por mais que você tenha conseguido chegar na Lua, em Marte ou na Disney, seu conhecimento ainda será limitado e atrapado em coisas do mundo exterior. E todo aquele papo espiritual sobre conhecer a si mesmo ou sobre encontrar a felicidade dentro de ti, deveria passar por esse pequenino órgão, normalmente escondido debaixo de uma calcinha ou naquela cueca antiga cheia de buraquinhos. Um órgão com mil notas de prazer, ainda que boa parte dessas notas não sejam tão visíveis assim. 

É hora de deixarmos as bobagens de lado e embarcarmos de uma vez por todas nesse infindável buraco negro que sempre esteve e sempre estará com a gente, pelo menos até a hora da nossa morte. E gracias Lulouka, por ter feito aumentar ainda mais o meu interesse pelo assunto, sem que eu me sinta culpado. Culpa é coisa da igreja católica, né não? Abandonemos os currais das regras criadas por gente velha e chata. Do alto do cume, o planeta parece menos complicado e a cura da nossa espécie pode estar muito mais próxima do que imaginamos. Tome o seu suco de cupuaçu tranquilo e abrace a sua curiosidade acerca desse tema “tabu”. Estufe o peito e grite bem forte: Viva o Cu! 

 

por igor moura (ima)