Desde sua estreia em programa de uma tevê local da capital dos EUA em 1955, os simpáticos bonecos criados por Jim Henson fazem parte da cultura popular no mundo inteiro
O termo “muppet” era tido como algo ofensivo, de pouca lisonja, até o dia em que o titeriteiro, produtor, diretor e roteirista Jim Henson resolveu criar com sua esposa Jane uns bonecos para apresentar em um programa de tevê infantil, chamado Sam & Friends. Um simpático sapo chamado Kermit (“Caco” no Brasil) ganhou de imediato a simpatia da audiência da tevê em Washington, DC, e nunca mais saiu do imaginário popular.
Sam & Friends ficou no ar de 1955 a 1961. Os Muppets realmente chegaram à fama em 1969, quando apareceram como personagens recorrentes do programa de televisão Sesame Street (Vila Sésamo). Uma criação de Joan Ganz Gooney, em parceria com Henson, que à época já mantinha sua empresa com o nome de Muppets Incorporation, que viria a ser um império dos fantoches, se assim podemos dizer.
Não é preciso dizer do imenso sucesso da Vila Sésamo, que depois ganhou versão brasileira e marcou a infância de quase todo mundo que hoje tem mais de 45 anos, entre 1972 e 1977.
Mas aquilo que conhecemos como Muppet Show ganhou vida surpreendentemente na Inglaterra. Foi produzida e exibida de 1976 a 1981 na ITV, com índice de audiência de mais de 14 milhões de telespectadores, num horário que se tornou tradicional no Reino Unido: o início da noite de domingo. Mais ou menos como eram Os Trapalhões pela mesma época no Brasil.
O programa foi distribuído com grande sucesso nos Estados Unidos e contou com participação de diversos astros do período. Liza Minnelli, Julie Andrews, Elton John (que fez um som com a galera), Gene Kelly, Diana Ross, Debbie Harry e muitos outros “contracenaram” com a simpática porquinha Piggy, o batráquio Caco e sua turma.
A fama foi tamanha que The Muppets adentrou o terreno da música. Gravaram dois mega-hits: Halfway Down The Stairs (cantado pelo sobrinho de Caco, o pequeno Robin), alcançando a 7ª posição na Inglaterra em 1977, e Rainbow Connection que ficou em 25º lugar nos EUA, em 1979. Há ainda Mah Nà Mah Nà, de Piero Umilani, uma música que grudou na mente das pessoas.
O sucesso do programa levou a uma série de produções para o cinema, que tiveram fases distintas. The Muppet Movie (1979), The Great Muppet Caper (1981) e The Muppets Take Manhattan (1984). Depois o natalino Muppet Christmas (1992) e os super-satírico Space (1999).
Os direitos dos Muppets foram adquiridos por uma empresa alemã, a EM.TV & Merchandising AG, que faliu. A família Henson (Jim faleceu em 1990, aos 53 anos) readquiriu os direitos em 2003.
Em 2004 a Disney entrou em cena. Comprou o “passe” de toda turma pela bagatela de 75 milhões de dólares e os Muppets ingressaram com sucesso no século 21. Uma série de especiais de tevê foram produzidos nos anos 2000, e com a máquina promocional da Disney gerou o arrasta-quarteirão Os Muppets (2011) e uma sequência menos popular Muppets Most Wanted, em 2014.
Durante esse tempo, os Muppets mantiveram sua presença televisiva, com duas temporadas de curta duração: The Jim Henson Hour (NBC, 1989) e The Muppets Tonight (ABC, 1996). Na Inglaterra, o canal era a BBC One.
O último show dos Muppets em horário nobre foi a sitcom The Muppets (2015-16), na qual reproduziam de forma satírica o seriado The Office. Desta feita, não obtiveram o mesmo êxito.
O grande barato do Muppet Show foi trazer o humor de uma trupe de teatro de revista e seus esquetes diversos para o público. Um gênero que fora muito popular na primeira metade do século passado não tinha como dar errado. Jim Henson sacou a parada toda. Improvisou. E venceu. Mesmo não tendo vivido para ver o ingresso de seus personagens no novo século. No Brasil, é possível assistir à série original no canal de streaming Disney+.
Os Muppets mantém uma raríssima capacidade de reinvenção e adaptação aos novos tempos. São 66 anos nas telas de tevê e cinema. E tudo não passava de “teatro de bonecos”.
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Leia. Ouça. Assista:
The Muppets – Youtube
The Making of The Muppet Show – 1982
Jim Henson – Biography – livro
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Imagens: reprodução