A atriz Renata Carvalho dá continuidade ao trabalho de pesquisa sobre o corpos trans
Em Manifesto Transpofágico, que integra a Mostra Lucia Camargo, da 32ª edição do Festival de Curitiba, a atriz Renata Carvalho narra a construção social e imagética, a sexualização, os estereótipos e a transfobia estrutural que permeia corpos como o dela.
O espetáculo – programado para acontecer em 2020, quando veio a pandemia do covid – chega gora para duas apresentações no Teatro Paiol, dias 27 e 28 de março, às 20h30.
Renata Carvalho estuda corpos trans/travesti desde 2007, quando atuava como agente de prevenção voluntária em ISTs, HIV/AIDS, hepatites e tuberculose. Ativista dos direitos humanos e LGBTs, com foco nas pessoas trans e travestis, seu estudo inicialmente era mais voltado para o campo da saúde e política e aos poucos passou a recolher histórias, biografias, reportagens, artigos, publicações acadêmicas e produções artísticas com a temática trans/travestis, assim como temas interseccionais.
A artista percebia que a feminilidade do seu corpo dificultava sua presença nos palcos e ficou dez anos na direção antes de estrear, em 2012, como atriz no solo “Dentro de mim mora outra”, em que contava sua vida e travestilidade. A partir daí, a artista coloca seu corpo como objeto de pesquisa e passa a debatê-lo em cena.
“Em A aula Roland Roland Barthes nos ensina que a língua é facista, e não porque te impede de dizer, mas sim porque te obriga a dizer. É preciso trapacear a língua, e é isso que eu também pretendo. Em Grande sertão veredas, Riobaldo diz: ‘Muita coisa importante falta nome’. Então resolvi nomeá-las, e o mais importante, passei a me nomear”, diz a transpóloga que nomeia seu estudo.
A Transpologia denuncia a construção social, midiática, patológica, religiosa, criminal e hiper sexualizante que permeia o imaginário do senso-comum sobre pessoas trans/travestis. “Imagético construído com o auxílio das artes e suas narrativas viciadas, estereotipadas e cheias de arquétipos com conteúdo transfóbico, a transfobia recreativa e o corpo risível das pessoas trans/travesti na arte e no humor, e por fim, a prática do transfake que exclui corpos trans/travestis dos espaços de atuação e criação artística”, argumenta ela, que em 2017 fundou o MONART (Movimento Nacional de Artistas Trans). Dentro do movimento surgiu o “Manifesto Representatividade Trans – Diga SIM ao talento trans”, para dar representatividade, inclusão e permanência coletiva de artistas trans/travestis nos espaços artísticos. No mesmo ano fundou o “Coletivo T”, primeiro coletivo artístico formado integralmente por artistas trans.
“Manifesto Transpofágico” é a continuidade desta pesquisa cênica. A transpofagia de Carvalho consiste em se alimentar das suas e dos seus – da sua transcestralidade. Digere- as, devolvendo-as em arte, literatura e/ou educação.
A Mostra Lucia Camargo é apresentada por Banco do Brasil, Sanepar e Tradener – Comercialização de Energia, com patrocínio de EBANX, Banco CNH Industrial e New Holland, ClearCorrect, Copel – Pura Energia, Brose, UNINTER e GRASP.
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Ficha Técnica
Dramaturgia e atuação: Renata Carvalho Direção: Luiz Fernando Marques (Lubi) Luz: Wagner Antônio Video Art: Cecília Lucchesi Operação e adaptação de luz: Juliana Augusta Produção: Corpo Rastreado Coprodução: Risco Festival, MITsp e Corpo Rastreado. Difusão: Corpo a Fora e FarOFFa. Duração: 90 minutos. Classificação: 16 anos.
Serviço:
Manifesto Transpofágico
Dias: 27 e 28/03 às 20h30.
Teatro Paiol (Praça Guido Viaro, s/n)
Ingressos: www.festivaldecuritiba.com.br e na bilheteria física exclusiva no ParkShoppingBarigüi – piso térreo – (Rua Pedro Viriato Parigot de Souza, 600 – Ecoville), de segunda a sábado, das 10h às 21h, e, domingos e feriados, das 12h às 20h.
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Foto de capa: Manifesto-Transpofágico-Renata-de-Cervalho-Trema-Festival-Foto-Danilo-Galvão-Rodrigo-Fidelis
